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domingo, 5 de setembro de 2010

MÁRIO QUINTANA - MONOTONIA




Um poeta maior com certeza, de uma poesia de fácil acesso que tratando das coisas mais simples e cotidianas, ensinou que a poesia pode estar em todos os lugares e dentro de cada um. Razão do pedido de Manuel Bandeira: "Por isso peço não pares, Quintana, nos teus cantares... Perdão! digo quintanares." Ei-lo num belo exemplo.


É segundo por segundo
Que vai o tempo medindo
Todas as coisas do mundo
Num só tic-tac, em suma,
Há tanta monotonia
Que até a felicidade,
Como goteira num balde,
Cansa, aborrece, enfastia...
E a própria dor - quem diria? -
A própria dor acostuma.
E vão se revezando, assim,
Dia e noite, sol e bruma...
E isto afinal não cansa?
Já não há gosto e desgosto
Quando é prevista a mudança.
Ai que vida!
Ainda bem que tudo acaba...
Ai que vida tão cumprida...
Se não houvesse a morte, Maria,
Eu me matava!


Do livro: Preparativos de Viagem

2 comentários:

  1. MAIS O AMOR,NA MONOTONIA SE RENOVA, PORQUE O AMOR VÊM DE DEUS,E QUANTO MAIS SE DAR,MAIS AMOR TEM!!

    XERO!!

    EU AMO VOCÊ!!

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